terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

D.Carla

Tenho uma vizinha de cima. Seu nome...Dona Carla. Já tive vários acessos de fúria causados pela D.Carla, mas só hoje tive alguma calma e discernimento para escrever sobre o assunto. Desde que vim para Lisboa começei a saber e a viver com a realidade "vizinhos". Antes de vir, tive uma infância e juventude muito felizes, nas quais faziam parte uma casa, um quintal e nada de vizinhos de cima, de baixo, dos lados.
A D.Carla tem os cabelos todos brancos e a primeira vez que a vi vestia um robe azul a condizer com os seus olhos esbugalhados.
Vive sózinha e tem uma TV que quando ligada comprova, com toda a sua sonoridade, a falta de isolamento sonoro do prédio onde vivo.
A solidão da D.Carla aflige-me, não só por motivos perfeitamente egoístas, mas também porque espelha bem a realidade das pessoas sózinhas e velhotas que vivem no nosso país.
Ao fim de semana arrasta móveis por volta das 7 da manhã e tem conversas ao telefone por volta das 8... Anda de saltos em casa e houve um sábado que esteve desde as cinco da manhã até
às sete e meia (hora em que me passei...e tive de intervir) a "fazer piscinas" em casa... Pareciam martelos no tecto (no meu tecto, no chão da D.Carla), mas não ... eram mesmo os tacões da D.Carla. Segundo ela estava à espera de uma amiga que a viria buscar... E ela já estava pronta para saír. Ás sete e meia da manhã de um sábado, a clarividência e o raciocínio de quem trabalha toda a semana não são das melhores, mas percebi a partir dessa madrugada que tinha alguém com graves problemas psicológicos a viver por cima de mim.
E o que fazer? Durante quanto tempo mais vou ter de ouvir as novelas da SIC que a D.Carla ouve, os telefonemas, o arrastar dos móveis e os tacões das botas??
Ninguém sabe.
Ninguém quer saber.
E não... já desisti do plano maquiavélico de "exterminar" a D.Carla (inspirada num filme que vi há pouco tempo - "Duplex")..
O crime não compensa... Prefiro comprar uns tampões para os ouvidos e está resolvido.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Bote de Borracha e Pombinhos Afogados

Aí está a bela segunda-feira, a começar bem... sem gás em casa e com uma noite mal dormida, ainda com os trovões a ecoar nos ouvidos.
Quando chove uma noite inteira, qualquer humanóide que viva em Lisboa e arredores, devia ter, para sua precaução, um bote de borracha a remos... Sim a remos e seguramente chegaria mais rápido ao destino do que armado em automobilista anfíbio... Hora e meia a percorrer caminhos tortuosos e alagados, quando em dias ditos normais (secos e com sol como tão mal estamos habituados) demoro 15 minutos... Muito bom para se começar a semana bem (mal) disposta e com vontade de mandar tudo para um sítio menos molhado e mais mal cheiroso, e voltar para onde não devia ter saído... a minha querida cama.
Fazendo um recuo temporal, o dia de S.Valentim passou sem nota digna de registo... Eu faço "orgulhosamente" parte do grupo de pessoas que faz fincapé (é assim que se escreve, ou a palavra não existe mesmo?) em não celebrar... porque acho rídiculo e estupidificante jantar fora num dia desses... Primeiro é díficil jantar sem marcar, depois são pombinhos a mais e por fim tenho este mau feitio, enfim... E depois tenho um trauma que me marcou o ínicio da juventude, num dos dias 14 de Fevereiro, quando recebi um coração de cetim com uns braços a dizer "I'm Yours"... Percebi nesse dia que não tinha feitio para coleccionar bonecada e se calhar era melhor deixar bem explícito no início dos poucos namoros que vivi (felizmente...!!!) que existiam duas coisas que me tiravam a calma : uma era chamarem-me "Amor, Amorzinho" ou qualquer uma destas sem o A inicial, a outra era "ter de" celebrar o S.Valentim e "ter de" oferecer um presente só porque sim... Felizmente encontrei na minha "cara-metade" alguém que pensa como eu e não sente como eu esta estranha necessidade de mostrar todo o love num só dia...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Alívio

E depois veio o dia A... não de Amniocintese (nome bonito....) mas sim de Alívio.
Está tudo bem com o baby. Os resultados foram claros. Ele é saudável.
E isso é o que realmente importa para mim.
Agora vou viver esta fase da melhor forma possível. Basta de agonia, basta de angústia e de ansiedade.
Um dia de cada vez .

Seize the day.
Carpe diem.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Sambona

Depois de um belo dia de cão, nada melhor do que dizer uns disparates...
Finalmente o carnaval passou...
Fico sempre aliviada depois desta festividade, porque normalmente significa que parte do Inverno já lá vai, os dias estão maiores e a depressão pós-natalícia e porque não carnavalesca!! passou de vez.
Aqui vai uma confissão... Já não gosto assim tanto do Carnaval... Chateia-me porque está sempre a chover... e depois porque é mais um dia do calendário que é obrigatória a diversão... e tudo o que não é de espontânea e livre vontade aborrece-me. Peço desculpa aos foliões que me rodeiam... Alguns deles já sabem desta minha "pequena aversão"... E depois são as músicas... Porque sempre as mesmas?? Porquê o "Charlie Brown" e a "Mamãe eu quero mamar"??? Porquê?? ALGUÉM SABE?
Claramente isto é um pouco de mau-feitio... Mas nem tudo é mau... Se virmos o lado positivo de tudo isto... Há alguma coisa melhor do que ligar a televisão e ver as banhas de uma tipa branquela qualquer da Mealhada/Ovar/Loulé armada em "Sambista" (ou será sambona... pronto dançarina de samba)... Não há nada mais divertido que isto... Mandar uma boa gargalhada à conta dessas imagens hilariantes do nosso Portugal Carnaval onde ninguém leva a mal, nem um pneuzito michelin... EHEHEH.