quinta-feira, 12 de abril de 2012

MAC

Tenho quatro pulseiras lá em casa, azuis, identificadas com números e nomes, datas que jamais esquecerei... pulseiras que a breve trecho tornar-se-ão relíquias.
Rarissimo vir para aqui falar de política. Blogs de politica e de visão económica existem muitos e bons e para todos os gostos.
Eu aqui só escrevo o que me vai na alma.
E neste momento gostava de mandar alguns srs para sítios com nomes chatos de pronunciar...
E como escrevo o que me vai na alma... aqui vai.
A MAC é a Instituição mais profissional, mais avançada, com mais equipamento de ponta, com o melhor pessoal especializado, enfim a MAC é o Ferrari da Medicina Obstetro-Ginecológica!
Tem o melhor serviço de Neonatologia do País, tem o melhor serviço e acompanhamento para as Grávidas de Risco...
e tem a minha amiga Tété que foi incansável qunado tive de fazer a amniocintese!
e tem a enfermeira Paula!!!
Sim a enfermeira Paula. Aquela força da natureza que quase de uma forma sagrada, mágica, literalmente arrancou de dentro de mim os meus dois filhos! A primeira foi dolorosa, ela foi bruta como às portas, ameaçou-me com ventosas, riu-se às gargalhadas das minhas parvoeiras, pediu-me desculpa qundo viu que o António era a cara chapada do pai... Na segunda vez ela apareceu tipo anjo na Terra... e eu cheia de dores quando a reconheci do primeiro Parto, agarrei-a no braço e grunhi entre contracções isto " este é o segundo... o primeiro foi consigo... o segundo pode ser também?" ... Ela com aquele ar louco, de quem saiu de um filme Kusturica qualquer, gritou "Vamos lá a isso oh Mãe!!!" .. E a segunda foi melhor que a primeira. E a Enfermeira Paula tem as primeiras fotos com os meus dois filhos ao colo. E despediu-se de mim a dizer que tinha de ir passear o cão.
A MAC é o que resta do bom serviço público em Portugal.
Como eu costumo dizer, ali é o mundo real.. Mas tem mais de bom do que de mau!
E representa tanto para mim que dificilmente vou aceitar o fecho daquilo.
Tenho dito.

O meu coração está triste. :(

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O coelho da Alice vive lá em casa

A determinada altura - já não me lembro bem quando - deixei de usar relógio.
Habituei-me a não precisar dele. O meu dia-a-dia deu ao meu organismo todas as capacidades para se orientar sem relógio. Quando acordo normalmente adivinho as horas. Quando conduzo além do relógio do carro, tenho sempre o meu querido rádio que me vai dando esse detalhe, quando chego ao trabalho a ferramenta de trabalho tem essa indicação no canto superior direito.
Nunca pensei ter um filho tão obcecado por relógios.
O António encarnou nele o coelho da Alice no país das Maravilhas. De 5 em 5 minutos está a ver as horas, como se para ele o passar do tempo fosse um fenómeno fantástico e o que vem a seguir aos minutos é tão importante que não pode ser perdido. Chega a ser tão aflitivo que não consegue terminar uma refeição sem levantar-se 2 a 3 vezes para ir ver as horas no único relógio que existe em casa e que fica na cozinha.
Com três anos e meio questiona-me várias vezes se são "9 e 10?" - " o ponteiro pequeno está no nove e o grande está no 10 ... são nove e dez? ou são dez para as nove?"... e a seguir vem sempre a pergunta informativa "são horas de quê???" e depois para rematar "PORQUê???"... E esta saga repete-se vezes sem conta sem que nada o consiga satisfazer.
Já tentou várias vezes ficar com o relógio do pai (já não chega relógios de brincar em que os ponteiros rodam quando queremos, tem de ser à seria, se possível com os números bem visiveis...!) e ja´conseguiu dormir uma noite agarrado ao relógio do avô que lhe fez a vontade...
O coelho lá de casa vai ter um relógio à séria... e vai ser o meu timecontroller pessoal... Já que em tempos desliguei esse chip de mim, agora não vou escapar com facilidade à sagacidade com que ele marca os momentos com as horas que para ele representam momentos importantes do seu dia-a-dia...
E eu só tenho de andar na linha e deixar de ser o gato relaxado de uma vez por todas...