É no carro que me ocorrem as ideias, os pensamentos, as parvoeiras. Falo alto no carro e canto (por vezes), tiro conclusões e faço teorias dignas de doutoramento... Aqui passo para a escrita o que o meu carro ouve...e os meus cuquedos também :)
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Pliês e afins...
Das melhores memórias que tenho da minha infância é estar em cima do palco de um conhecido teatro em Lisboa (Maria Matos) e fazer "pliês" e outras posições de ballet clássico com uma das senhoras mais bonitas que conheçi na vida - a minha primeira professora de ballet.
Tinha quatro anos, um vestido azul, dois tótós e sonhava que queria fazer aquilo nos restantes e longos anos que me restavam. Mas os anos que se seguiram trocaram-me as voltas...
O que é certo é que não tive sempre professoras bonitas e elegantes de ballet... E houve uma delas, para mim a mais feia de todas (comia tangerinas a toda a hora), que me disse aos 11 anos que jamais poderia ser bailarina se continuasse assim "gordinha"...
Esta faz parte da caixa das más memórias, juntamente com a frase infeliz de um ortopedista ao qual os meus pais me obrigaram a ir ... "Pareces o boneco da marca Michelin"... Isto aos onze anos foi rematado com uma palmilha no pé para corrigir a diferença de tamanho nas pernas e com uma sentença fatidica do mesmo sr.dr.ortopedista "Esta menina para corrigir a postura, tem de deixar o ballet e ir para a natação..." Deve ser por isso que sempre detestei natação.
Se sei nadar hoje devo essa proeza ao meu avô que me ensinou a nadar nas àguas frias da praia da Nazaré. Fazer 40 piscinas estilo crawl e mais 35 bruços, saír de lá a cheirar a cloro e com os olhos vermelhos, não era para mim significado de diversão.. Era um sacríficio.
Fiquei-me pelos ensinamentos do meu avô e a práctica da natação baseou-se durante muitos anos nos verões que me enrolei nas ondas da Nazaré e ponto final.
Ainda hoje acredito que podia ter sido uma bailarina famosa a dançar por esse mundo fora...E jamais sonho com provas de natação, jamais.
Isto tudo para dizer que há sempre boas e más memórias... O que importa é saber distingui-las, guardá-las nas devidas caixas e tentar trazê-las no dia-a-dia quando é preciso.
Aos 4 anos sabia bem o que queria ser quando tivesse 28.
Aos 28 sei muito bem o que quero ser aos 50, melhor... sei o que não quero ser e isso já é um bom improvement.
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1 comentário:
Impressionante como um simples comentário, de um simples médico, numa altura bastante simples da nossa vida, pode alterar por completo o seu curso.
Mas não faz mal...pensa apenas que, nessa tua vida de dançarina pelos palcos do mundo, poderias não conhecer as pessoas que hoje te acompanham e fazem parte da tua vida.
Lema de vida:
Nunca pensar naquilo que poderia ter sido...se calhar seria bem pior!!
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