É no carro que me ocorrem as ideias, os pensamentos, as parvoeiras. Falo alto no carro e canto (por vezes), tiro conclusões e faço teorias dignas de doutoramento... Aqui passo para a escrita o que o meu carro ouve...e os meus cuquedos também :)
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Observar e ser observado
Não sou de todo alguém que não se deixa "influenciar" por aquilo que a rodeia... Explicando-me melhor, não consigo ser indiferente a 100% a situações que assisto na minha humilde existência.
Hoje e ontem fui observada e observadora em 2 ocasiões tão distintas mas que estão ligadas entre si.
Ontem enquanto ser observado. Eu, mãe de um baby de 1 ano e dias, fui jantar fora por ocasião de um aniversário de uma pessoa importante - brother in law, irmão por lei, ou melhor irmão do marido.. Não tendo com quem deixar o baby, levei-o comigo. Sou a primeira pessoa da lista de pessoas que defendem que os bébés e os restaurantes não são elementos harmoniosamente conjugáveis, principalmente bébés que já não gostam de estar 2 horas sentados (presos) numa cadeira, que não sabem andar (estão em aprendizagem) e que não sabendo falar, comunicam à sua maneira, muitas vezes de uma forma altamente sonora (na práctica palram num volume crescente, se possível um ou dois tons acima do timbre que ouvem)... Ontem foi o caso. O António pintou a manta no restaurante. Esperneou, guinchou, fez birras, nem o carro que ele adora, nem o livro dos camiões, nem uma côdea de pão... nada o acalmou. E tinha toda a razão para estar chateado, eram horas de dormir e não de estar ali naquela sala cheia de gente barulhenta e comilona.. O jantar podia ter sido mais fácil, mas não foi. E ainda foi mais díficil quando o meu radar (que está sempre sintonizadíssimo) percebeu que estávamos a ser observados e criticados por um casal que estava a jantar na mesa mesmo ao lado da nossa. Não foi uma sensação boa, esta, de sentir que estamos de facto a incomodar alguém, mas tendo em conta que o mal está feito e não vale a pena chorar no molhado, apenas posso dizer a essas pessoazinhas que faziam caras de horror cada vez que o António palrava um bocadinho mais alto, temos muita pena, mas a vida é assim pessoazinhas. Nem sempre os jantares nos correm como nós queremos... (confesso que no mais íntimo do meu maquiavélico ser desejei uma durchfall básica para cada um... e aí sim façam caras horrorizadas com alguma razão de ser, ok?!!)
Hoje como ser observador... Bebericava devagarinho uma meia de leite a escaldar e quase queimei a língua quando uma mulher grande e histérica entrou pelo café a dentro e acordou toda as almas que ali estavam à procura de uma manhã serena e despojada de stress... Gritava porque a filha não se decidia entre um folhado de salsicha ou uma empada de vitela... Chiça! E que precisava de comer... "Joana Filipa (com muita entoação no FiiiiLiiipa) tu decide-te!!! Tens de comer ouvistes???".. E com os mesmos modos com que falava com a Joana Fiiiliiipa dirigiu-se ao senhor que serve ao balcão e vociferou "É mais um compal fresh de maçã e e outro de manga papaia!! Frescos!" O desgraçado do homem lá procurou os sabores do meio de tantas garrafas de sabores diferentes e com a dificuldade em encontrar tal especificidade, ainda levou com as orientações da criatura que apontava, com uma precisão de unha de gel roxa, em que direcção se encontravam os tais néctares... Enquanto observadora, não fiz qualquer esgar de horror...ou pelo menos tentei sei discreta. Pedi a conta e deixei a meia de leite a arrefecer na chávena. Confesso que senti medo daquela criatura e das suas unhas de gel...Será que se pega? Hope not.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário