quinta-feira, 8 de setembro de 2011

António - o rebelde pacificador

O António não consegue viver em conflito com ninguém.
Tem três anos. É um reguila. Muitas vezes dá-me cabo da paciência. Faz disparates em consciência. Mas tem uma forma de encarar a vida e os seus revezes que me deixa estarrecida.
Jamais adormecerá zangado, a chorar ou a saber que pai e mãe estão tristes com ele. Pede sempre desculpa e um abraço "a três" como se para dormir tivesse que ter esta pequena chave para a porta dos sonhos e do sono tranquilo.
Ontem fez disparate e foi mais cedo para a cama.
Aliás os disparates em casa têm acontecido em crescendo, a acompanhar o crescimento da minha barriga a aproximação do dia em que o mano vai aparecer na vida dele.
Nada de novo para quem lê livros da especialidade e para quem já ouviu relatos de outros pais de segunda viagem.
Depois de lançar uma taça de mousse de chocolate para o chão da sala, levou uma palmada no rabo e foi directo para o quarto já em pranto contínuo.
"De castigo para a cama sem histórias e sem canções.." Ou seja sem o mimo da noite que já se tornou ritual.
Foi a berraria total.
Engolimos o jantar sem pinga de sangue.
Gritou até irmos ao quarto para o cerimonial do perdão.
Disse "Mãmã a birra acabou." Como se a birra tivesse duas pernas e saísse porta fora do quarto.
O tal abraço a três. O "esculpa" a soluçar. e pronto ficou tudo mais calmo.
Todos os dias tento aprender alguma coisa... e o António já me ensinou uma bem importante. Não vale a pena dormirmos zangados com o outro, quando um abraçinho e alguma redenção até podem fazer a diferença...
Tenho um filho que é o verdadeiro pacificador.

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