domingo, 7 de dezembro de 2014

Das origens

Nasci em Lisboa.
Vivi até aos 4 anos na Portela, num 12o andar, do qual me lembro do cheiro, da cor psicadelica dos azulejos da casa de banho e de achar que os aviões passavam rente à janela da sala. Fui feliz ali.
Fomos viver para mira de Aire por motivos profissionais e familiares. Primeiro dormimos em casa da minha avó judy (a família materna e paterna vive toda neste lugar) e depois mudamos para a casa onde passaria a minha infância. Lembro-me do corredor comprido, da loja/cave onde residiam todo um imaginário de brincadeiras, do quintal gigante, do campo da bola, das primeiras voltas/quedas de bicicleta, da própria que era a mais pirosa mas a minha favorita...bicla cor de rosa! Fui feliz ali.
Mudamos de casa uma vez mais. Já era adolescente e ter um quarto só para mim foi espectacular. Mesmo assim houve cd's que não se salvaram aos ataques do meu irmão mais novo (um deles dos Smashing PUmpkins que ainda aguardo ser devidamente ressarcida!!). Fui muito feliz ali.
Aos 18 fui estudar para LIsboa. Cresci e aprendi a desenrascar-me sozinha. Aprendi a cozinhar... E rapidamente percebi que a solidão não era o meu nome do meio. Fiquei tão feliz quando a minha irmã no ano seguinte se juntou a mim! Fomos viver para um apartamento dos meus avós. Por lá passaram muitas gerações! Foi uma etapa muito gira, com muita maluqueira saudável, muitas aventuras, muitos jantares, muitos amigos. Foram os anos em que percebi o que era essencial mesmo que nem sempre pusesse em pratica tal aprendizagem. A faculdade e ao anos que a acompanham mais do que um canudo dão-nos uma licença para aprender (palavras do professor ADriano MOreira)!Tenho tão boas memórias destes anos que até sinto dificuldade em escrever. Se pudesse descrever num momento o que esses anos foram para mim podia fazê-lo da seguinte forma... Numa tarde de primavera no jardim da faculdade eu e a minha grande amiga SOnia preguiçávamos esticadas debaixo de uma árvore... A árvore que não me lembro o nome começou a deixar cair imensas pétalas de flores de cor azul clara (ou seria roxa).. Eu e a SOnia sorrimos na altura e ainda hoje nos lembramos deste momento! Porque foi mágico de tão inocente e de tão genuino! E não! Não tinha fumado nada...
Quando dou por mim nestes exercícios retrospectivos tiro sempre a mesma conclusão... Não são os sítios, não são as materialidades, não são as casas, os corredores, os quintais, os jardins que caracterizam as nossas origens. São sim os momentos que passamos em todos eles... E esses são feitos de nós e de pouco ou nada mais.
Um excelente domingo.

1 comentário:

sonia disse...

Bruxa amiga, ao ler as tuas palavras não posso deixar de sentir um aperto na garganta e uma lagriminha marota, e não é só do moscatel roxo que me acompanha neste momento. Foram anos inesplicáveis e inesquecíveis e sempre que vejo flores roxas a cair do céu lembro-me de ti! É como digo todos os dias ás minhas filhas, não são as coisas que fazem as pessoas felizes, são os amigos! Beijinhos